sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Viagem ao Canadá: cidade de Québec

Este é o segundo post da série de dois posts sobre minha viagem ao Canadá. O primeiro foi sobre Vancouver, neste vou falar sobre a cidade de Québec.

Tive que pegar dois vôos. O primeiro foi de Vancouver à Montréal e durou cinco horas. O segundo foi de Montréal até a cidade de Québec, e durou em torno de uma hora. Saí de Vancouver às 23:00hs, cheguei em Québec às 10:00hs. Além da espera na troca de aviões tem uma diferença de 3 horas entre as duas cidades.

Aliás, permita-me abrir um pequeno parêntese. Em Québec, eles não falam "ville de Québec" (cidade de Québec), eles dizem apenas "Québec". Isso não causa confusão com o província, pois eles se referem à província no masculino e à cidade no femino, então "du Québec" ou "au Québec" se refere a província e "à Québec" ou apenas "Québec" se refere à cidade. Em Português é um pouco complicado porque as preposições são um pouco diferentes, mas quando eu dizer "de Québec" vou estar me referindo a cidade e "do Québec" à província. O problema é "em Québec", que é válido para a cidade e para a província, mas quando usado neste post normalmente se refere à cidade.

Voltando ao relato, cheguei em Québec às 10:00hs. No dia anterior, eu havia pesquisado como ir do aeroporto de Québec até o centro da cidade de ônibus. Não parecia difícil, mas tinha um detalhe estranho: a página na internet dizia que o ônibus que sai do aeroporto começa a funcionar às 16:00hs. Achei a informação muita estranha, e considerei que estivesse errada.

Ledo engano: o ônibus realmente começa a funcionar às 16:00hs. Fiquei confuso, mas não teve jeito, a única opção era pegar um taxi. Felizmente ou não, o preço do taxi até o centro é fixo (C$ 32 e uns quebrados).

Antes de pegar o taxi, no entanto, eu tinha que comer. Estava faminto! Fui no famoso Tim Hortons no próprio aeroporto, e foi lá que tive o primeiro probleminha com o Francês. Disse "Bonjour" para a moça do caixa e fiz meu pedido. Ela registrou, fez uma ou duas perguntas sobre o pão e perguntou "du bar?". Eu disse "pardon?" ela repetiu "du bar?" eu disse "du bar?" ela disse "oui, du bar". Eu disse em Francês: "desculpe, não sou daqui, não sei o que isso significa". Essa minha frase causou um silêncio constragedor de uns cinco segundos, durante os quais ela me olhou como se eu fosse retardado. Aí ela disse "butter?" e eu "aaahhh, du beurre!". "Beurre" é manteiga em Francês (e "butter" em Inglês). O som de "eu" em Francês é difícil, mas estou acostumado com uma pronúncia de "beurre" que soa mais ou menos como um carneiro gritando "bérrr". Ela falava algo como "bar", mas enfim.

Depois do café peguei o taxi. O taxista explicou que o ônibus funciona em apenas dois horários, de manhã (para levar os funcionários do centro ao aeroporto) e às 16:00hs (para fazer o caminho inverso). Ou seja, se você não chegar às 16:00hs tem que pegar o taxi.

Diga-se de passagem que o taxista foi a primeira pessoa em Québec que tive uma longa conversa em Francês. Ele era imigrante, nascido na Costa do Marfim. Às vezes eu não entendia muito bem o que ele dizia, mas eu perguntava e ele explicava de outra forma. Foi tranquilo e ele elogiou muito meu Francês.

Chegando ao centro fui ao encontro de meu amigo, que imigrou há quase três anos e iria me hospedar. Fui até seu escritório. Nos encontramos, conversamos um pouco e ele me explicou como chegar no centro histórico. Deixei minhas coisas com ele e saí para conhecer a região central da cidade.

A primeira impressão que tive foi ótima. A arquitetura e a organização do centro me surpreenderam por serem um pouco diferentes do que eu vi nas cidades que visitei nos EUA e no Canadá. É difícil explicar isso em detalhes e de uma maneira objetiva, mas há uma mistura de prédios antigos em estilo europeu e prédios modernos. Vi poucos prédios altos. Há várias praças e bancos para sentar. Lembrem-se que estamos falando do centro :)


Só tive um problema de imediato: estava absurdamente quente. Creio que fazia mais de 30C. O sol queimava. Eu estava de calça e devia ter dormido no máximo umas cinco horas! Mas vamos lá! Eu tinha apenas quatro dias e tinha que aproveitá-los ao máximo.

Gostei muito do centro histórico. É muito lindo e tem muita coisa para ver e comprar. Para quem gosta de história, tem várias placas explicativas e muitas casas de época preservadas. O centro histórico de Québec faz parte do patrimônio histórico da humanidade.


Gastei dois dias no centro histórico. Onde meu objetivo era conhecê-lo e tentar praticar meu Francês. No geral não tive problemas com a língua, mas de vez em quando eu cometia um erro ou começa a gaguejar. Quando isso acontecia a pessoa com quem eu falava mudava para o Inglês (isso era menos comum fora do centro).

Creio que eles façam isso com a melhor das intenções, mas eu insistia no Francês. Quando eu sabia que a conversa seria longa, eu explicava que estava aprendendo e que gostaria de falar em Francês (o que foi atendido 100% das vezes). Mas houve um ou dois casos de conversas curtas em que a pessoa mudou para o Inglês e eu continuei no Francês. Foi bizarro!


No final de semana (cheguei numa quinta-feira), meu amigo me levou para conhecer outras partes da cidade e fazer compras. O preço de algumas coisas são absurdamente baratas no Canadá. Três exemplos: carros, eletrônicos e brinquedos. Tive que me controlar para não comprar uma caixa de lego enorme do Star Wars que no Brasil custa uns R$ 300,00 e em Québec estava menos de C$ 80,00!

Outra coisa muito importante que fizemos no final de semana foi participar de um churrasco na casa de outro brasileiro. Além do ótimo churrasco, foi uma excelente oportunidade para conversar com outros imigrantes brasileiros. Apesar de alguns terem tido bastante dificuldades no primeiro ano, todos eles estavam estabilizados e (com excessão de um casal) já tinham comprado a casa própria. E quando digo "casa", é casa mesmo: bonita e com bastante espaço para os filhos. Acho que nunca poderei oferecer algo assim para minha família aqui no Brasil.


Aliás, conheci o Alexei. Não lembro se foi no final de semana ou na sexta. Mas foi legal. Ele é um pouco mais baixo do que eu imaginava, e tão bem humorado quanto seus posts!

Essa viagem foi inesquecível para mim. Foi minha primeira oportunidade de usar meu Francês e tive a oportunidade de ouvir muitas histórias e conselhos.

Para terminar o post, aqui vão algumas conclusões sobre Québec. Tenha em mente que visitei a cidade como turista durante quatro dias e meio e, como todo ser humano, posso exagerar ou cometer erros. Mas aí vai:

  • O mais importante de tudo é uma afirmação forte, está preparado? :) Québec e Canadá são coisas diferentes. É difícil explicar isso, mas é outro povo. Cidades como Montréal e Gatineau são excessões por misturar as duas culturas, mas a cidade de Québec (e creio que o interior do Québec) possuem uma cultura diferente. Eu simplesmente esquecia que estava no Canadá. Veja bem, não estou dizendo que um é melhor ou que o outro é pior. Tudo depende de você, sendo que a língua é um fator decisivo. Não tem Inglês? Está focando no Francês? Então a cidade de Québec ou o interior do Québec pode ser uma ótima opção
  • O Francês falado no Québec é um dialeto. O que isso significa? Primeiro, ele é bem diferente do Francês da França. Segundo, é difícil. Eu tenho sorte, pois aprendi meu Francês em uma escola de Francês do Québec e mesmo assim tive dificuldade
  • Não vi muitos imigrantes na cidade de Québec, também há poucos negros
  • A cidade de Québec é bonita e bem organizada. Para os padrões do Canadá é uma cidade grande, mas para mim tem um pouco cara de interior
  • Os brasileiros que conheci estão relativamente bem, mas todos disseram que o primeiro ano foi difícil. Eles são muito unidos e se ajudam bastante

Um agradecimento especial vai ao meu amigo que permanecerá anônimo. Ele cedeu um espaço ótimo na casa dele, me levou para vários lugares e teve paciência de responder a todas minhas perguntas! Nunca vou esquecer isso e espero conseguir retribuir um dia!

3 comentários:

  1. Muito bons os dois posts sobre Vancouver e Quebec, dá pra ter uma noção da estrutura, o que vai diferenciar para cada um talvez sejam as ofertas de emprego na sua área específica. Queria poder fazer isso antes de ir. Parabéns
    sabrina

    ResponderExcluir
  2. Ola amigos, em primeiro lugar gostaria de parabenizar-los pelo blog, acabei de conhecer e estou adorando!!! achei muito interessante as informações sobre a viagem e os aspectos e diferenças de cada uma ( nossa 1º opção por enquanto é Quebec ) e tb adorei a semelhança entre o perfil de vcs e o nosso :-), uma das poucas diferenças é que temos duas filhotas de 2 anos, bem espero continuar mantendo contato com vcs.
    Abs e tudo de bom !!!

    ResponderExcluir
  3. Olá,

    Obrigado pelos comentários. Vamos manter contato sim. Qualquer coisa é só escrever: vidanovaquebec@gmail.com

    ResponderExcluir